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TDAH em Adultos: Sinais que Não se Confundem com Ansiedade

Entenda os sinais do TDAH em adultos, como identificá-los e diferenciá-los da ansiedade. Descubra o impacto do transtorno na vida adulta e como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ajudar no manejo dos sintomas.

Camile Schmidt Chevalier

3/18/20253 min read

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é frequentemente associado à infância, mas ele também impacta significativamente a vida adulta. Quando falamos de TDAH em adultos, é comum que algumas pessoas confundam os sintomas com quadros de ansiedade, já que ambos podem envolver inquietação e dificuldades de concentração. Contudo, existem sinais específicos do TDAH que ajudam a diferenciá-lo de outras condições.

Sinais característicos do TDAH em adultos

Barkley (2020) relata que adultos com TDAH apresentam problemas significativos de desatenção, dificuldade em inibir ações, baixa resistência a distrações externas, pouco controle emocional e baixa autodisciplina. Esses fatores dificultam a gestão das responsabilidades diárias e ampliam as consequências dos sintomas na fase adulta, devido à complexidade das demandas que um adulto precisa enfrentar.

Além disso, existem sinais comportamentais que são característicos do TDAH e dificilmente se confundem com a ansiedade generalizada ou outros transtornos ansiosos:

1. Dificuldade crônica de organização

Pessoas com TDAH costumam ter dificuldades em estruturar e manter a organização em várias áreas da vida, como trabalho, casa e vida social, não apenas em situações estressantes, mas de maneira contínua.

2. Esquecimento de prazos e compromissos

Esquecer prazos importantes e compromissos relevantes é comum em quem tem TDAH, e ocorre sem que haja uma preocupação ou antecipação ansiosa relacionada.

3. Dificuldade em finalizar tarefas longas

O TDAH também se manifesta pela dificuldade em concluir tarefas que exigem planejamento ou que são prolongadas, não por medo ou preocupação, mas pela tendência à distração ou pela perda de interesse.

4. Hiperfoco em atividades específicas

É comum a pessoa com TDAH entrar em hiperfoco, ou seja, dedicar-se intensamente a atividades que geram interesse, "perdendo a noção do tempo". Isso difere da ansiedade, que tende a dispersar a atenção devido às preocupações.

5. Impulsividade

A impulsividade no TDAH aparece em ações precipitadas, como interromper conversas, tomar decisões rápidas ou gastar dinheiro sem planejamento — o oposto da hesitação típica da ansiedade.

6. Inquietação motora habitual

Embora a ansiedade também possa gerar agitação, no TDAH essa inquietação costuma ser constante, com movimentos como balançar as pernas ou se levantar frequentemente, mesmo sem um pensamento ansioso.

Diagnóstico e critérios do DSM-5

O diagnóstico do TDAH é clínico, realizado por um médico especialista após uma avaliação detalhada. O DSM-5-TR apresenta os seguintes critérios diagnósticos:

1️⃣ Critério A: padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento social ou ocupacional.
2️⃣ Critério B: sintomas presentes antes dos 12 anos de idade.
3️⃣ Critério C: sintomas manifestados em dois ou mais ambientes (casa, trabalho, social).
4️⃣ Critério D: evidências de que os sintomas impactam negativamente o funcionamento ou reduzem a qualidade de vida.
5️⃣ Critério E: exclusão de outros transtornos mentais como causa principal dos sintomas.

O TDAH é um transtorno complexo, resultado da interação entre fatores biológicos e psicossociais (Missawa, 2014).

Impactos do TDAH na vida adulta

De acordo com Castro (2018), adultos com TDAH enfrentam desafios em diversas áreas:

🔵 Aspectos afetivo-emocionais
🔵 Gestão financeira
🔵 Relações interpessoais e conjugais
🔵 Desempenho profissional
🔵 Funções parentais

Mattos (2015) ainda aponta que há maior incidência de desemprego, divórcio, acidentes de trânsito, depressão, ansiedade e obesidade entre pessoas com TDAH, além de uma tendência a menor escolaridade. Já o DSM-5 destaca como consequências comuns na vida adulta: desempenho profissional prejudicado, conflitos interpessoais e maior probabilidade de desemprego.

Como consequência das dificuldades enfrentadas, pessoas com TDAH podem desenvolver comorbidades como baixa autoestima, ansiedade, depressão e até dependência química (Mattos, 2015).

Tratamento e psicoterapia

No campo da psicologia, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido amplamente recomendada para o tratamento psicoterapêutico do TDAH em adultos. A TCC auxilia no manejo dos sintomas, além de promover autoconhecimento e ajudar o paciente a lidar melhor com suas limitações.

A intervenção psicoterapêutica proporciona ferramentas para melhorar a autorregulação, o planejamento de tarefas e o enfrentamento dos prejuízos emocionais e funcionais associados ao transtorno.

Conclusão

Diferenciar o TDAH de outros transtornos como a ansiedade é fundamental para uma abordagem terapêutica eficaz. O diagnóstico correto e o tratamento adequado são passos essenciais para a melhoria da qualidade de vida.

Se você se identificou com esses sinais ou conhece alguém que passa por isso, não hesite em buscar ajuda especializada!

Referências consultadas:

Associação Brasileira do Déficit de Atenção – ABDA. (2017). Diagnóstico-adultos. Disponível em https://tdah.org.br/diagnostico-adultos/

Associação Psiquiátrica Americana (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5-TR: Texto Revisado. Artmed: Porto Alegre, 5ª edição, 2023

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

MATTOS, Paulo. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. 16ª ed. Brasil, 2015.