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Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos

Entenda o que é esse transtorno e como ele se caracteriza na vida adulta

Camile Schmidt Chevalier

7/22/20243 min read

O transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que de acordo com o DSM-5-TR (2023) se caracteriza pelo prejuízo na comunicação social recíproca e na interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. O manual também esclarece que o estágio em que o prejuízo funcional fica evidente pode variar conforme as características próprias do indivíduo e seu ambiente. Além disso, dependendo da situação e das intervenções realizadas torna-se possível mascarar as dificuldades, pelo menos em alguns contextos. As manifestações do transtorno também variam muito dependendo da gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade cronológica; daí o uso do termo espectro.

Nos últimos anos o número de diagnósticos de autismo em crianças vem crescendo e muitos especialistas defendem que os números tenham aumentado justamente porque agora se tem mais estudos sobre o quadro, devido a isso, o número de diagnósticos tardios, isto é, que ocorrem na vida adulta também tem aumentado. Sobre isso Menezes (2020, p. 23) esclarece:

"Mesmo em países desenvolvidos, o diagnóstico tardio, após a infância, pode ocorrer, por exemplo, quando há comorbidades que mascaram os traços autistas – como hiperatividade, ansiedade e distúrbios do humor – bem como fatores socioeconômicos, étnicos e outros.1 As mudanças nos critérios diagnósticos e a consequente melhora no entendimento desse transtorno também são causas para o seu diagnóstico tardio, bem como para o uso de estratégias de enfrentamento que compensem ou escondam as características do espectro".

A autora segue explicando que no caso de TEA na vida adulta é comum a presença de boas habilidades de linguagem e aprendizado, as dificuldades tornando-se evidentes apenas quando as demandas sociais se tornam demasiadas. Afora isso é explicitado que, “as mulheres aparentam apresentar menos severidade nos sintomas e comportamentos mais contidos, implicando em uma maior taxa de diagnóstico tardio” (MENEZES, 2020, p.23).

Os adultos podem apresentar comprometimentos menos óbvios e os sinais e sintomas de TEA podem ficar obscuros por outras condições comórbidas como transtorno de ansiedade social, mas alguns sinais e sintomas que podem ser percebidos são (MENEZES, 2020; NALIN et al., 2022):

• Resistência a fazer as coisas fora do planejado e sair da rotina, ficando ansiosos e irritados com a situação;

• Sofrer mais com barulhos incômodos e ambientes agitados com muitas pessoas;

• Dificuldades em entender mensagens indiretas ou que não estejam tão claras ou o uso de figuras de linguagem, piadas e sarcasmo;

• Dificuldade/resistência em iniciar atividades novas;

• Ao responder, é bem provável que se diga exatamente o que é preciso, utilizando uma linguagem direta, que por vezes pode ser interpretada como grosseira;

• Cansaço excessivo após passar por situações sociais prolongadas, entre outros.

Em resumo, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma ampla gama de manifestações, variando conforme o nível de desenvolvimento, a idade cronológica e a gravidade da condição. O aumento nos diagnósticos, tanto em crianças quanto em adultos, reflete uma maior compreensão e melhor detecção do transtorno. No entanto, o diagnóstico tardio (quando ocorre na vida adulta) ainda é comum, especialmente devido a comorbidades que podem mascarar os sintomas e fatores socioeconômicos e culturais. Adultos com TEA podem enfrentar desafios específicos em contextos sociais e apresentar comportamentos e respostas que, muitas vezes, são mal interpretados. É crucial que haja uma sensibilização e compreensão contínua sobre as particularidades do TEA, promovendo intervenções adequadas e apoio contínuo para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados.

Referências:

Associação Psiquiátrica Americana (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5-TR: Texto Revisado. Artmed: Porto Alegre, 5ª edição, 2023. ISBN: 978-6558820932.

MENEZES, M. Z. M. O diagnóstico do transtorno do espectro autista na fase adulta. Orientador: Claudia Cardoso Martins. 2020. Monografia (Especialização em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) - Universidade Federal de Minas Gerais, [S. l.], 2020. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1843/35946>.

NALIN, L. M. et al. Impactos do diagnóstico tardio do transtorno do espectro autista em adultos. Research, Society and Development, v. 11, n. 16, p. e382111638175, 12 dez. 2022. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i16.38175>.